Em paralelo ao desenvolvimento das séries “Corpo” e “Terno de Reis”, “Urbanidades” surge de um ponto de vista enraizado no fotojornalismo, porém filtrado pela minha interpretação pessoal. Ao longo das cidades que fotografo, busco revelar a poesia latente nas cenas do dia a dia, destacando a beleza que habita situações aparentemente banais. Dessa forma, cada imagem procura expressar minha própria visão de mundo, na qual até os instantes mais corriqueiros podem carregar significado e despertar conexões profundas.
Inspirado pela sensibilidade de Vivian Maier (1926 – 2009), conhecida por enxergar grandeza no ordinário, procuro capturar detalhes que muitas vezes passam despercebidos. Seja em um simples reflexo no vidro ou em um instante fugaz de interação humana, o objetivo é transcender a documentação pura e transmitir um senso de vivência e empatia urbana. Nessa série, minhas escolhas de enquadramento, luz e composição dão voz aos fragmentos de história que se desenrolam nas ruas, resultando em imagens que vão além da reportagem convencional e dialogam com uma proposta artística e pessoal.
“Urbanidades” mantém, assim, a continuidade de uma busca estética que se faz presente em toda a minha obra, embora siga um caminho próprio dentro do meu trabalho. O registro atento e a abertura para o inesperado – já explorados em outros contextos – encontram aqui um cenário plural, onde rostos e locais se multiplicam, refletindo a diversidade das experiências urbanas. Ao mesmo tempo, cada fotografia traz embutida a esperança de que, apesar das incertezas do presente, haja sempre espaço para enxergar o extraordinário em meio ao cotidiano.

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